Emilene, Arilma e Aline participam do TV Cela atualmente.
Mais que um programa de televisão, para eles
trata-se de um “ativador de sonhos”.
Foto: Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA
Fernanda Ikedo
Agência BOM DIA
“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. A famosa frase do dramaturgo, romancista e cineasta francês Jean Cocteau encaixa-se perfeitamente na vida da sorocabana Emilene Aparecida Alves de Lima, 35 anos, que integra há quatro meses a equipe do programa TV Cela.
Mãe de três filhos, Emilene está há cerca de 10 meses na cadeia feminina de Votorantim por envolvimento com tráfico de drogas. Com suas próprias palavras ser cinegrafista, função que desempenha atualmente, é “uma alavanca para uma vida diferente”.
Assim como ela, outras presas de Votorantim tiveram a oportunidade de aprender um ofício e com isso, melhorar a auto-estima e superar barreiras, algumas criadas por elas mesmas. Como foi o caso de Edicleuza Gomes, 30, que após de oito meses no projeto aprendeu com a equipe da Faculdade Ceunsp todas as funções de uma câmera de TV e agora, em regime aberto trabalha como cinegrafista da TV Comunitária de Votorantim.
A consultora de comunicação e também uma das idealizadoras do projeto, Miriam Cris Carlos, ressalta várias conquistas, frutos do projeto que é realizado desde o final de 2009. “Entre elas, está a mudança de olhar da sociedade em relação às reeducandas”, aponta Miriam. Elas entrevistam advogados, médicos, formadores de opinião, educadores e discutem temas variados.
“Em uma audiência que tive a juíza me reconheceu e perguntou: ´você não é a apresentadora do TV Cela´?”, diz Arilma Maria dos Santos, 26. Mesmo depois de ter apresentado quatro programas ela confessa que ainda sente um frio na barriga quando vê chegar o próximo entrevistado ou entrevistada. “É uma experiência muito emocionante para mim”, afirma Arilma, que é mãe de três filhos que moram em São Paulo. “ Eles acompanham o meu trabalho pela internet”, conta.
Além de Emilene atrás das câmeras e de Arilma como apresentadora o programa conta com a produção de Aline Munique Lisboa. 23. “Eu controlo o tempo do programa e corro atrás do que for preciso”, explica.
Para a vida dessas mulheres o TV Cela está além de um programa de televisão, é também um ativador de sonhos.
A motivação transparece nos depoimentos de quem está à frente do projeto: “Mostra que a vida da gente pode mudar”, “Quando a gente tem força de vontade a gente aprende”, “A gente acaba revendo conceitos”.
A coordenadora do projeto, Luciana Lopez, comenta que a equipe que faz o programa acontecer é ainda maior. “Todas as reeducandas que quiserem participar podem contribuir, porque as perguntas para os entrevistados são feitos por elas. Toda semana é passado um formulário nas oito celas e de cada uma sai uma pergunta”, afirma.
Premiação/ Conforme o diretor do TV Cela Werinton Kermes, se os jurados da Editora Globo escolherem o projeto de Votorantim serão realizados dois trabalhos simultâneos, com a verba de R$ 200 mil. “O primeiro é acompanhar, com assistente social, os filhos das reeducandas, até dez anos de idade. Essa é a principal fonte de preocupação e angústia delas. Dar assistência para que não percorram o caminho da criminalidade. E o outro é fazer uma cooperativa com elas, principalmente com trabalhos manuais”, pontua.
Mais sobre TV Cela
O projeto TV Cela, existe desde o final de 2009 e é uma continuação do projeto anterior, de rádio, chamado “Povo Marcado”. Conta com o apoio da Delegacia Seccional, Faculdade de Comunicação da Ceunsp, TV Votorantim e Associação dos Canais Comunitários do Estado. Os programas são gravados e exibidos na TV Comunitária de Votorantim e pela internet no endereço http://projetotvcela.blogspot.com/
Resultado
O resultado será divulgado no site www.projetogenerosidade.com.br. Nesse endereço dá para conferir também os nomes dos projetos finalistas.
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