segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

TV Comunitaria de Votorantim ja é uma Realidade

Foram 8 meses de burocracia, envolvendo viagens a Brasília, consultas à legislação vigente e ao Ministério das Comunicações e buscas por documentos. O jornalista Werinton Kermes, que deve deixar o cargo de secretário de Cultura nos próximos dias, fez tudo isso em silêncio e conseguiu, esta semana, o que diz ser um sonho: um canal comunitário para Votorantim.


O canal 10 da Supermídia, que antes se chamava VTV (Votorantim TV), agora se chama TVV (TV Votorantim). Se no nome a mudança é ligeira, Kermes promete que grande diferença será sentida na programação. É um chamado canal "híbrido", que concilia programação comunitária e programação comercial. Existem apenas outros três casos como este no Estado. Formalmente, os 50% da programação comercial fica a cargo da Provocare, empresa locatária da frequência do canal 10 da Supermídia, que tem como presidente o advogado Aílton Scorsoline, administrador da Faculdade de Direito de Itu (Faditu). A outra metade deverá atender aos preceitos exigidos por lei de uma programação comunitária. A publicidade, por exemplo, é limitada a "apoios culturais", em que se enuncia a marca da empresa; não são permitidas propagandas.


Para criar a emissora comunitária, foi necessário o envolvimento de duas entidades, que deram origem a uma terceira. A Associação dos Usuários da TV Comunitária de Votorantim é formada por membros da Associação Cultura Votorantim (ACV) e Associação Audiovisual de Votorantim Francisco Beranger (AAVV) e tem como presidente Werinton Kermes e como vice o cineasta Marcelo Domingues, coordenador do CineFest.



Quando relembra as dificuldades, Kermes fica até emocionado. A voz fica embargada. Ele pede licença e deixa a sala de reunião da nova TV, em um prédio na rua João Walter, onde ele recebeu a Folha de Votorantim. A concessão só foi adquirida com o respaldo da Associação dos Canais Comunitários do Estado de São Paulo (Acesp) e da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCom). Pois, ao mesmo tempo em que só concede uma televisão comunitária depois de um bom levantamento sobre o interessado, o Ministério das Comunicações não tem estrutura para pesquisar a todos que lhe procuram. Em São Paulo, o trabalho fica a cargo da Acesp, entidade consultiva criada justamente para intermediar e assessorar as emissoras comunitárias do Estado. "Não se pode dar a concessão de TV comunitária a qualquer pessoa. Tem que ser alguém de envolvimento e compromisso com a comunidade, como é o caso do Kermes", afirma Luiz Gustavo Abrahão Pacces, segundo tesoureiro da Acesp e responsável pela entidade na região.

Ao pesquisar a legislação, Kermes descobriu que qualquer empresa de TV a cabo é obrigada a conceder três canais: um comunitário, um às universidades e um para a câmara municipal. Em posse desta verdade, o jornalista procurou pelo proprietário da Supermídia, Marcos Franco, que desconhecia tal determinação. Apesar de disposto a conceder o espaço, Franco não possuía uma frequência disponível. Por este motivo, a solução encontrada foi conciliar as programações no canal 10. No entanto, Franco prevê, para o ano que vem, a disponibilidade de mais serviços, quando começar a trabalhar com sinal digital. Hoje, ele oferece 99 canais. "Quando tiver o sinal digital, vou trabalhar com 110 canais", diz o diretor da Supermídia. Atualmente, a empresa atende a 80% da cidade. O interesse de Franco é instalar cabos em 100%. Ele garante que a TV comunitária é, para ele, um avanço. "Não sou eu que vou ganhar, nem o Werinton. A cidade vai ganhar. Eu vou crescer e ele vai crescer", afirma.

Espaço aberto

Gustavo Pacces explica que a TV comunitária é o espaço que a sociedade tem para se expressar. "Por isso mesmo, nossa luta é levar os canais comunitários para a TV aberta. Logicamente, isso tem grande resistência das emissoras comerciais", comenta.

Werinton Kermes ressalta que a TVV terá espaço aberto a toda a sociedade organizada. Quem tiver programas prontos poderá exibi-lo sem custo nenhum. Se necessitar, a emissora também aluga estúdio e equipamentos. "Que eu tenha conhecimento, esta será a primeira emissora do Brasil que não cobra pela veiculação", afirma o tesoureiro da Acesp.
A programação terá programas semanais nos bairros, com a participação das lideranças e talentos da comunidade, jornalismo, espaço jurídico, programas ecumênicos, entre outros. Ontem mesmo, Kermes confirmou, com o professor e ambientalista Gabriel Bitencourt, a realização de drops sobre ecologia, para serem inseridos durante a programação.
"A TVV é um canal apartidário. Todos os segmentos têm espaço aqui", afirma Kermes. "Eu ainda sou um produtor cultural. Deixei de ser secretário, mas não deixei a cultura de Votorantim", promete ele.
 
Fonte: Folha de Votorantim, 21/11/2009
 

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